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Bolsonaro comparece à sede da PF em Brasília, mas não presta depoimento
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O ex-presidente Bolsonaro foi intimado a depor para um inquérito sobre golpe de Estado e ruptura democrática onde um grupo de empresários realizavam articulações em um grupo de mensagens. A investigação tramita no STF sob relatoria de Moraes.
- Por Camilla Ribeiro
- 18/10/2023 21h08 - Atualizado há 1 ano
O ex-presidente Jair Bolsonaro compareceu à sede da Polícia Federal, em Brasília, nesta quarta-feira (18) onde prestaria depoimento.
Porém, Bolsonaro não prestou o depoimento previsto, no inquérito sobre um grupo de empresários que articulavam golpe de Estado e ruptura democrática em um grupo de mensagens.
De acordo com Bolsonaro, os advogados dele decidiram apresentar razões de defesa à PF, por escrito argumentando que não há necessidade de tomada de depoimento dele no caso.
No celular de um dos empresários do grupo, a PF encontrou uma mensagem enviada em junho de 2022 pelo contato "PR Bolsonaro 8" com teor golpista. A investigação não define que o contato seja do então presidente.
Bolsonaro foi intimado a realizar depoimento no caso no dia 22 de agosto deste ano.
No dia seguinte, admitiu ter enviado a mensagem de tom golpista ao empresário Meyer Negri, da Tecnisa.
"Mandei para o Meyer. Qual o problema?", disse, segundo divulgado pela "Folha de S. Paulo".
A Polícia Federal já havia identificado esse mesmo número de celular na agenda de Mauro Cid, ex- ajudante de ordens do então presidente.
Na investigação sobre o caso da venda de joias, esse mesmo número aparece registrado como “PR Bolsonaro ago/21”.
A mensagem enviada em junho de 2022 atacava, sem provas, o sistema eleitoral, o Tribunal Superior Eleitoral, o STF e também o instituto de pesquisas Datafolha.
No fim da mensagem havia um pedido para que o texto fosse repassado ao máximo. Nigri responde: "Já repassei para vários grupos".
O inquérito das milícias digitais
A apuração realizada acerca do grupo de empresários golpistas tramita dentro do inquérito das milícias digitais que foi aberto no Supremo Tribunal Federal (STF) e sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes.
Na decisão que definiu a prorrogação do inquérito, em agosto, Moraes declara que "o relatório da Polícia Federal ratificou a existência de vínculo entre ele e o ex-presidente Jair Bolsonaro, inclusive com a finalidade de disseminação de várias notícias falsas e atentatórias à democracia e ao Estado Democrático de Direito".
A princípio a investigação mirava em oito empresários, que foram alvos de busca e apreensão em agosto de 2022.
Ainda em 2022, Moraes arquivou a investigação contra seis empresários, por entender que a participação deles no grupo não havia extrapolado os limites da liberdade de manifestação.
Apenas as apurações sobre Meyer Nigri e Luciano Hang foram mantidas, os mesmos negam ter cometido irregularidades.
Essa investigação sobre os empresários é vista na PF como a peça-chave para o desfecho do inquérito das milícias digitais, que tramita no STF desde 2021 e tem como objetivo apurar ataques às instituições democráticas.
A hipótese principal criminal do inquérito é que o próprio ex-presidente era um dos difusores iniciais de mensagens com conteúdo antidemocrático. A defesa de Bolsonaro tem negado a prática desses tipos de crimes.